Barrinha MaynaBaby

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Demi Lovato - Give Me Love (Ed Sheeran Cover) (Capital FM Session)

Tiziano Ferro - Imbranato (Traduçao BR)

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Aos amigos

A expressão "ESQUELETOS NO MEU ARMÁRIO" significa segredos embaraçosos ou verdades que não queremos que os outros saibam.
A palavra bullying significa ameaçar, intimidar, repetir uma maldade a exaustão.
A violência contra a criança e adolescente atinge a todas as classes sociais e gera feridas irreparáveis. 


essa foto foi meu último sorriso perfeito antes do espancamento.



Eu fui criada pela minha avó e fui uma criança normal. Exceto pelo fato que ela não me deixava frequentar a escola.  Eu aprendia em casa com ela, que era professora, e brincava com meus irmãos e primos, não podia ter amigos. Já não era tão normal assim mas era minha realidade e eu nem sabia que existia mundo "lá fora".
Aos 12 anos, com o falecimento da minha avó,  fui para a escola estudar na quarta série do ensino fundamental. 
Também já era considerada esquisita a partir daí e durante toda minha vida fui considerada esquisita, incapaz, ouvi repetidas vezes que eu deveria morrer, não ter nascido. Eu era a feia magricela, esquisita que tinha capacidade de atrais vagabundos.
Meu nome era motivo de zombaria e todos faziam comparações grosseiras, meu cabelo (que era meio ruivo) também era motivo de piadas, minhas roupas eram de jeca e era magra, muito magra.
Em casa nunca era boa o suficiente. Só ouvia que tinha defeitos, que os outros eram melhores do que eu e outras coisa que nem lembro. Ainda guardo cartas escritas, mas o resto minha mente bloqueou.

Eu não tinha auto estima, não me julgava capaz de seduzir um menino e me dediquei a estudar, estudar e estudar.  Eu me cuidava e era vaidosa, mas realmente não tinha a menor segurança disso. Me orgulhava de ser a melhor aluna da escola. Eu tirava as melhores notas, passava em todos os concursos ganhava todas as competições e mesmo assim as pessoas ainda eram cruéis.
Eu nunca olhava pra mim com piedade. Eu sempre achava que não era valorizada e precisava me esforçar porque sabia quer ninguém faria nada por mim. Eu lutava o tempo todo  exaustivamente.

Em meu interior havia uma ferida, uma dor na alma, sentimento estranho de vazio de falta daquilo que nunca reconheci. Eu me julgava feliz, mas na verdade eu não tinha outra opção a não ser ser feliz com o resto que eu possuía. 
As palavras duras, desnecessárias, as incansáveis maldades e o total silêncio cortavam fundo a minha alma. Eu não reagia, eu me calava incapaz de expressar a profundidade da dor que eu sentia.  
Mas eu sentia minha dor em sua totalidade e queria que de alguma forma passasse ou desviasse de mim e numa atitude desesperada, aos dezesseis anos comecei a me cortar.
No sangue eu sentia vida. Vida que cada palavra dura havia tirado um pouco de mim. A vida que me estava sendo negligenciada ou negada.
Me cortar trazia a sensação de alívio a dor emocional. Eu conseguia sentir algo na pele e por incrível que pareça era melhor do que a dor dilacerante da rejeição. Mas essa atitude  ganhou vida própria e eu me cortava  quase todos os dias.
Aos 18 anos comecei a beber e a fumar e parei de me cortar, na verdade mudei o foco. Bebia como um homem, fumava como uma chaminé. Isso apenas disfarçava minha depressão e meu transtorno de ansiedade. eu descarregava toda a minha ansiedade no cigarro. Eu não percebia isso. Sequer sabia que estava doente.
Eu não busquei ajuda, nunca procurei ajuda porque simplesmente eu não sabia pedir ajuda. Aprendi a me virar sozinha, a silenciar a dor, a socorrer a mim mesma em todos os momentos.
Para minha sobrevivência eu precisava ser suficiente para mim e não depender de ninguém. 
E aprendi a guardar tudo, não me abrir nunca e ser sempre forte. 
Eu precisava vencer TODAS as batalhas e assim o fazia.
Dessa forma fui guardando esqueletos no meu armário. Muitos esqueletos que jamais poderiam ser vistos ou ouvidos. Talvez o preço que eu poderia pagar por demonstrar alguma fraqueza seria alto demais e eu não tinha fraquezas. 
E vivi todos os anos da minha vida assim. Me casei, me separei, vivia sozinha no meu canto sem buscar muito por relacionamentos. 
Quando me relacionava com alguém era simples, rápido e passageiro. 
E vivia quieta na minha casa com a minha filha, meus animal e minha tia algoz de minha infância.
Realmente não buscava muitos relacionamentos eu tinha pavor de me machucar.
Até que um dia fui expulsa da minha casa pela pessoa que me tirou quase tudo da vida, a minha tia.
Mas na verdade vivenciei essa perda como a liberdade de uma situação ruim e...não podia ficar tudo certo porque sou eu, kkkkkkkkkkkkkkkk.
Como se não bastasse ao me ver livre de toda essa situação ruim, ao viver o que parecia uma nova chance, com esperanças renovadas fui brutalmente espancada na porta da minha nova residência.  
Fiquei gravemente ferida.
Um dia que quase todos no prédio havia viajado devido ao carnaval ele tentou entrar na minha casa quando eu abri a porta e não permiti. 
Reagi travando a porta e ficando apenas eu e ele do lado de fora. 
Ele me bateu. 
Teve uma hora que desmaiei  e acordei apanhando. 
Vi um dos vizinhos abrindo a janela, pedi por socorro e ele simplesmente fechou a janela.
A última coisa que me lembro foi o maluco chutando minha boca e eu sentindo muito sangue e pedaços de dentes. 
Quando fui espancada pelo cara, ele me machucou tanto que uma hora parou de doer.
Eu simplesmente estava caída no chão, apanhando e não sentia absolutamente nada. 
Era como se estivesse morta. 
Eu dormi bela e acordei como a fera. 
Dormi com um sorriso lindo e acordei mutilada sem poder sorrir.
Eu parei de fumar, mas a dor física e emocional trouxe de volta uma vontade muito familiar e voltei a me cortar como fuga para a dor. Como anti depressivo imediato para a solidão.
A lembrança de tudo ficou e continua, até que alguma coisa me faz sentir bem, mas tem uma hora  que volta tudo.
Não só sobre o assalto mas todo um passado de dor.  
Cada momento que senti medo.
Cada palavra.
Cada Ferida.
Cada momento.
E você não pode entender de onde eu venho. Mesmo que eu tente explicar, você não estava lá pra ver, pra sentir como eu senti. Ninguém conhece o caminho que percorri.
Meus problemas psicológicos não me definem de forma nenhuma, mas meu passado sim.
Meu passado fez o que eu sou. 
E eu sou aquela que ninguém vê, ninguém ouve, ninguém quer.
Se é que sou alguma coisa, porque uma profunda tristeza preencheu a minha alma.
Desde então eu mostro um sorriso que não existe dentro de mim.
Meu mundo virou de cabeça para baixo e as coisas não são como deveriam ser.
Cada vez mais eu me escondia dentro de mim mesma e nada nem ninguém conseguia me tirar.
Fiquei presa na minha tragédia e refém da dor da minha alma.
Eu não consigo ver a luz, sentir, ter esperança ou sonhar.
Meus dias são escuros, mesmo que eu não demonstre.
Me tornei uma mestre na arte de fingir estar tudo bem, de sorrir quando na verdade quero chorar. 
Aprendi a esconder meus sentimentos, minhas vontades, reprimir meus desejos, isso durante tanto tempo que não sei quem ou o que seria capaz de me fazer voltar. 
Sinto saudade do que eu era... do meu sorriso... das minhas esperanças...
Me sinto em um pesadelo. A maior parte do tempo tento não pensar a respeito e simplesmente passar por isso. Tento sobreviver e todas as outras coisas passam a NÃO existir.
Sobrevivendo aos medos, sem desejos, sem ser tocada e não sei o que dizer em relação a isso.
Se eu precisar de alguém eu só posso contar comigo. Ninguém vai segurar minha mão e dizer que vai ficar tudo bem.  E ninguém vai me ajudar acreditando que sou dependente o desesperada.
Já ouvi tantas promessas, tantas palavras lindas, todos dizem a mesma coisa até que conhecem a minha realidade. Então TODOS SE AFASTAM.
Todos se mostram escassos de carinho, de afeto, o desejo então morre com todas as palavras bonitas. E as pessoas se provam completamente vazias...
Uma hora ou outra alguma coisa parece mudar ao meu redor, e ao conhecer minha realidade tudo volta a escuridão.
É como se eu fosse um nada, como se não fosse sentir. As pessoas são cruéis se for tentar um envolvimento.
Eu gostaria de me sentir desejada da forma como estou e que alguém me dissesse que vai ficar tudo bem, que não vou mais me sentir sozinha e que sou normal apesar de tudo.  Que vou ter alguém que me abrace e que seja forte por mim. Porque talvez eu não possa fazer tudo por mim mesma.
Meu passado, minha história não é culpa minha. Não deveria definir o meu futuro.
Eu sou capaz de ser amada e de amar.
Mereço cuidados.
E aquele abraço forte faz toda a diferença.
Passei cinco anos afastada dos relacionamentos amorosos devido a este acidente.
Fiquei na esperança de reconstrução~do meu sorriso, cinco anos esperando pela regeneração natural do tecido.
Tentei sair da minha zona de conforto, do meu isolamento e foi um grande desastre. 
O que aprendi quando tentei voltar a um relacionamento foi que ninguém vai aceitar ficar comigo da forma como estou agora. Conseguir uma pessoa que eu mereça e que me aceite assim é encontrar uma agulha no palheiro. 
Tenho alguns pensamentos a respeito:
uma semana antes do espancamento


+ As pessoas precisam aprender a olha o interior dos outros e não a aparência.

 um ano depois, eu já não podia mais sorrir...



++  É preciso entender que quando uma pessoa passa por momentos de violência e abuso, estes ficam gravados no fundo da alma. No meu caso foram muitos ao ponto de me adoecer gravemente.

+++  Sempre demonstrei que fui mais forte do que as agressões. Levantava sozinha das quedas. Superava cada limite. Eu não me lembro de ter um momento que relaxei. Lembro de ter lutado durante toda a minha vida  contra alguma coisa ou alguém. Mas não tem como ser forte o tempo todo. Em um determinado momento descobri que estava morta por dentro. que não sabia pedir e aceitar ajuda.

++++  Eu sei o que foi o amor do meu pai, da minha filha e dos meus animais. Não tive amor de mãe e muito menos de um homem. Não sei o que é isso. Não vou mentir mais, eu amei diversas vezes mas não sei o que é ser amada.

+++++  Eu queria tanta coisa que no momento não quero mais nada. ABSOLUTAMENTE NADA. Aliás quero não ser mais machucada.

Hoje, eu queria que me olhassem além da minha aparência, do meu acidente.
Queria alguém que visse a minha alma, o que tenho dentro de mim, do meu interior, aquilo que está em meu coração. Eu mereço ser amada, aceita e ajudada a superar. 
Queria que cada cicatriz que tenho no corpo e na alma fosse curadas através da força mais poderosa do universo que é o amor. 
É tão pouco e muito ao mesmo tempo. 



 
" Todos os meus dias são assim até  que eu possa recompor meu sorriso... " 

A diferença é que não sei se depois vou aceitar um contato.
Acho que não...
Não acredito mais no amor de um homem. 
A cada ferida, a cada rejeição troquei de vestimentas. 
A cada dia que passa fica mais difícil retirar a armadura.
Não tenho mais expectativas assim como não acredito mais no amor. 
A cada dia prefiro não amar para não doer.
E quanto as minhas cicatrizes elas são reflexo das lutas e dores vividas e vencidas. Elas mostram que ainda estou aqui apesar de tudo. 
O motivo deste texto é que se você quer ter a minha amizade tem de ser uma pessoa aberta e digna de receber meu afeto, meu carinho e meu respeito.
Estou enviando este texto a todos, todos os meus amigos e amigas sem exceção.  
Passo por momentos difíceis, mas estou em tratamento e terapia e tudo que está escrito aqui além de ser o que eu vivenciei, segundo meu terapeuta afasta de mim pessoas fracas, que não intencionam ser verdadeiramente amizades boas. 
Existem partes de mim tão profundas que somente quem estiver disposto a mergulhar profundamente será capaz de encontrar. Os meus maiores tesouros estão bem guardados lá no fundo, muito fundo. 
O superficial não me agrada. 
Quem desiste fácil também não. 
E decidi que apesar de não ter deletado nenhum perfil, não estou mais à disposição de conquistas. Assim fico livre de dores desnecessárias em um mundo que valoriza a aparência e despreza o interior. 
Volto pra minha concha e quem desejar minha amizade e merecer a terá. 
Fiel como um cão, mas....
apenas isso.
NAMASTÊ